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Um potencial imenso nas mãos erradas

Crítica: Cidade Invisível (2021)

Anna Clara


Cidade Invisível (2021) é a mais nova série brasileira da Netflix, que conseguiu reunir uma legião de admiradores em pouquíssimo tempo. Todo o encanto gerado pela produção é muito benéfico ao mercado audiovisual brasileiro, e a própria identidade cultural do país, que é tão rica e pouco explorada. Apesar de ser muito bom reconhecer sua cultura em tela, é inegável que Cidade Invisível tem alguns problemas (e polêmicas) em mãos.

A direção de Júlia Pacheco Jordão e Luís Caron é pouco inspirada e trás muito pouco de novo. Cenas, que se estivessem nas mãos certas, poderiam trazer um aspecto mais sombrio com mais personalidade e inovação, foram anticlimáticas e desvalorizadas. O peso dramático de muitas cenas também é tirado por conta da direção, em especial na morte de alguns personagens, que enquanto acontece você assiste sem ter certeza do que está acontecendo.

O elenco adulto em sua maior parte está muito bem, destaque aos atores Fábio Lago e Wesley Guimarães, que fazem os personagens Iberê e Isac. O resto dos atores cumpre bem o seu papel, porém as personagens de Thaia Perez (Januária) e Manu Dieguez (Luna) deixam muito a desejar, principalmente nas cenas dramáticas, onde é necessário extrair um pouco mais dos atores, infelizmente elas não entregam o suficiente.

É claro que falando sobre elenco não posso me desviar da polêmica sobre o casting do ator Victor Sparapane no papel de Manaus. Várias pessoas se manifestaram negativamente a respeito da falta de representatividade indígena na série, tanto no casting do personagem do boto-cor-de-rosa, quanto na produção em si, dizendo que o conhecimento nativo seria muito enriquecedor ao roteiro e produção. De fato, o folclore popular brasileiro se dá em sua grande maioria, a cultura e lendas indígenas, e é muita irresponsabilidade dos realizadores não ter esse tato, principalmente na época que estamos, onde a importância da representatividade na mídia é um assunto tão debatido e polêmico.

Mas voltando a falar dos aspectos técnicos da série, devo bater palmas de pé as pessoas responsáveis pela caracterização dos personagens. O visual apresentado é uma releitura contemporânea muito bem feita a respeito daqueles seres. Outra coisa a se elogiar são os efeitos visuais muito decentes e convincentes na maior parte do tempo, para uma produção brasileira, que todos sabemos que tem suas limitações, os efeitos visuais fazem um ótimo trabalho e entregam algo que até então eu nunca tinha visto em uma produção nacional.

Cidade Invisível é uma série que apesar de ser curta, conseguiu cativar um público e trazer um pouco do sentimento de orgulho nacional e valorização da cultura que estávamos todos precisando. Espero que na próxima temporada, que já está confirmada pela Netflix, eles consigam corrigir esses aspectos aqui apontados, e melhorar ainda mais essa obra que mal chegou e já conquistou uma multidão de fãs que não acreditam que Alessandra Negrini tem 50 anos.


Nota: 3/5 Lágrimas


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