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Rebecca – Apenas um entretenimento bem feito.

Crítica: Rebecca (2020)

Raiana Viana


Se você é um amante do cinema de Alfred Hitchcock e da adaptação do cineasta da história original de Daphne du Maurier, essa crítica não é para você! Não estou falando que a nova adaptação produzida pela Netflix e dirigida por Ben Wheatley é um primor ou superior, nada disso. Só estou deixando claro que, se você espera comparações ou uma declaração de amor ao trabalho do cineasta, já pode parar de ler.


A história de Rebecca – A Mulher Inesquecível (2020) gira em entorno de uma jovem humilde que se torna a Sra. De Winter (Lily James), após se casar com Maxim de Winter (Armie Hammer), um viúvo rico e dono da mansão Manderley. A jovem então se muda para a mansão e lá é “assombrada” pela falecida mulher de Maxim, e sua aparente perfeição, motivo de muita admiração por parte de todos os funcionários da mansão, principalmente a governanta, a Sra. Danvers (Kristin Scott Thomas).


As atuações são ótimas, a química entre James e Hammer é boa e sustenta não só a construção do romance, mas também os confrontos entre os dois e a forte ligação entre eles, tão necessária para o que o terceiro ato funcione. James também se sai bem nos momentos mais dramáticos da Sra. De Winter, sua afliação e frustração são convincentes. Porém, quem rouba a cena é Kristin Scott Thomas (o que já era de se esperar), com sua Sra. Danvers totalmente fria e manipuladora. Scott Thomas consegue entregar as poucas cenas realmente perturbadoras do filme. Quando ela está em cena, a atmosfera muda, ela traz consigo uma mistura de insensibilidade e melancolia.


A narrativa do filme é bem construída, apesar de se arrastar no segundo ato e se alongar mais do que deveria. Durante o primeiro ato, o filme consegue criar muito bem o romance do filme, ele não se apressa para florescer o relacionamento do casal. O desenvolvimento dos sentimentos dos dois é feito de modo simples e bem natural ao olho do espectador, o que consequentemente, sustenta as ações do terceiro ato, que, para aqueles que não conhecem o enredo, apresenta os pequenos plot twists bem desenvolvidos que amarram a história. Porém é no segundo ato que o filme também peca.


No decorrer do segundo ato, o filme opta por se arrastar na frustação e na confusão da Sra. de Winter, o que acaba se tornando cansativo, principalmente pela escolha do diretor em não se aprofundar no terror psicológico, mas sim torná-lo mais superficial, porém ainda presente. Os elementos presentes não são capazes de sustentar o terror psicológico, além de alguns momentos de suspense, sempre presentes quando a Sra. Danvers está presente.


Ao deixar de lado a carga dramática do terror, o filme escolhe focar no sucesso do romance da história. E isso ele consegue fazer muito bem. No fim, o filme consegue entregar uma adaptação moderna do livro, há até a inclusão de um tom feminista, bem exposto em certos diálogos do filme, que acaba sendo um elemento muito bem-vindo. É uma adaptação pensada no público da Netlfix, com belos figurinos e uma direção de fotografia chamativa, que busca entregar um bom entretenimento, e que não tenta ser muito além disso, muito menos se preocupa em ser. E consegue.


Nota: 3/5 Lágrimas


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