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Quando a Netflix acerta

Crítica: Caçadoras de Recompensas (2020-)

Julia Alfa


No último mês de agosto, a Netflix lançou Teenage Bounty Hunters (Caçadoras de Recompensas): uma série de comédia dramática sobre as irmãs gêmeas, Blair e Sterling, que, apesar de serem o oposto uma da outra, possuem uma conexão única e um laço fraterno inquebrável - ou quase isso. A série adolescente estadunidense é criada por Kathleen Jordan e protagonizada por Maddie Phillips (Sterling) e Anjelica Bette Fellini (Blair).


Em seu primeiro episódio, intitulado de “Carro do Papai”, ambas as gêmeas estão em carros separados com seus respectivos namorados. O assunto de sexo na adolescência nos parece comum, até descobrirmos, alguns momentos depois, como as protagonistas são próximas a Deus e à religião; elas estudam num colégio religioso, frequentam a igreja todos os domingos com a sua família e vivem em um mundo no qual sexo antes do casamento é um gigantesco tabu.


Depois do encontro íntimo com os namorados, as garotas estavam voltando para casa no carro da família quando Sterling, a gêmea “certinha”, confessa a sua irmã que havia perdido a virgindade. A surpresa do momento faz com que Blair desconcentre-se e bata em outro carro. As garotas decidem não ligar para a polícia, porque não haviam pedido a seu pai a permissão para usar sua adorada picape. Ao confrontar o motorista do outro carro, entretanto, são surpreendidas com um criminoso em fuga! Na iminência do perigo, com armas apontadas na direção das garotas, nós somos surpreendidos pela primeira vez quando as gêmeas sacam suas próprias armas e rendem o criminoso.


É nesse momento que a história se inicia de verdade. Outro carro se aproxima, e conhecemos mais um personagem importante na série: Bowser Simmons, um caçador de recompensas veterano. Ele confessa às meninas que tentava há tempos capturar o homem que elas haviam rendido, e daí em diante que as gêmeas descobrem o mundo de caçadores de recompensas, e cogitam fazer parte dele.


A construção e evolução das personagens é muito bem feita, porque, apesar de serem interpretadas por atrizes adultas, nossas protagonistas são garotas de 16 anos na série e estão vivendo momentos importantes no ápice da adolescência. Somos agradavelmente surpreendidos enquanto elas crescem e se descobrem cada vez mais durante a série. Uma das gêmeas, inclusive, descobre-se LGBT e tem que arrumar maneiras de lidar com isso estando rodeada de pessoas que não aceitariam sua orientação sexual.


Depois que você passa do primeiro episódio - e finge que não houve um momento em que usaram espanhol como a língua falada no Brasil (caramba, é 2020, é só dar uma jogada no Google para descobrir que falamos português) - você começa a se encantar pelas gêmeas e se entreter com suas investigações. Teenage Bounty Hunters conta com um humor esperto, cenas divertidas e, ainda assim, consegue abordar temas importantes e levar representatividade às telas. Apesar de Blair e Sterling seguirem uma religião fielmente, em nenhum momento é espalhado quaisquer tipo de preconceitos ou intolerâncias - apenas com o cigarro; cigarro faz muito mal para a sua vida. Elas deixam isso muito claro.


Teenage Bounty Hunters nos leva a vários dilemas da vida das duas adolescentes - a primeira vez, o crescimento pessoal, as investigações criminosas. Mas também nos leva a um mistério familiar pessoal sobre a mãe das garotas, o qual é carregado ao longo da série e te deixa com uma pulga atrás da orelha até o episódio final. Ah! O episódio final. Com um perfeito cliffhanger, a série nos deixa perplexos, abalados e completamente ansiosos para a continuação.


Por agora, só podemos pedir à Netflix, veementemente, que não coloque Teenage Bounty Hunters na sua longa listinha de cancelamentos.


Por favor!


Nota: 4,5/5 Lágrimas


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