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Power – Por que, Netlifx?

Crítica: Power

Raiana Viana


Por que a Netflix insiste em desperdiçar boas premissas com execuções preguiçosas em seus filmes de ação? Em Power (2020), o serviço de streaming aposta na ideia de superpoderes encapsulados em pílulas, que quando consumidas por um humano, provém a capacidade de gerar superpoderes com duração de cinco minutos em seu corpo, porém nem todos são agraciados com esses poderes, podendo até mesmo explodir após o consumo. Outro ponto é que nunca se sabe qual tipo de poder a pessoa terá, pode se tornar a prova de balas, ganhar uma força fora do comum ou virar uma bola de fogo, entre tantas outras opções. Por ter esse amplo leque de possibilidades, a interessante premissa tinha potencial para um ótimo filme de ação, principalmente por poder fugir da já bem explorada fórmula de filmes de super-heróis, mas a ideia é desperdiçada em um enredo genérico e limitado.


Netflix, onde está a boa ideia em começar um filme da forma mais genérica possível? Já na primeira cena, joga-se para o espectador o vilão caricato latino-americano, que quer vender sua nova droga em solo americano. E o vilão genérico, com falas genéricas, figurino genérico e trejeitos genéricos está longe de ser a pior coisa do filme. Temos um enredo que tenta contar a história de três personagens principais com motivações replicadas de vários filmes de ação: um ex-militar que está à procura de sua filha sequestrada, uma jovem que recorre ao tráfico por motivos financeiros e o sempre batido policial que só quer defender sua cidade e está cansado da corrupção do sistema. O filme tenta intercalar essas histórias, as quais ninguém se importa, para entregar uma carga dramática junto a questões sociais, mas no fim acaba sendo um enredo forçado e desnecessário. A personagem Robin (Dominique Fishback), a jovem traficante, aliás é totalmente jogada no enredo, sendo utilizada apenas para criar um motivo para o encontro entre Art (Jamie Foxx) e Frank (Joseph Gordon-Levitt), além de ser usada como dispositivo parar tentar gerar qualquer tipo de empatia com a personagem de Art.


Por que dissipar o potencial social e humano do filme, Netflix? Power é um filme que tenta mesclar realismo com fantasia, o que é muito bem-vindo por ser diferente da maioria dos filmes de super-herói, porém é um filme desconexo, que parece querer falar sobre questões sociais e morais, mas de fato não se envolve com essas questões. Elas acabam se perdendo no meio dos superpoderes, efeitos especiais e das cenas de efeito. Robin é, novamente, por exemplo, a personagem com o maior potencial para uma boa fusão entre discurso de problemas sociais com a adrenalina de um filme de super-herói, é colocada em cenas de efeito, as quais a personagem aleatoriamente faz rimas de rap para entregar esses discursos. E não é como se a parte fantasiosa do filme fosse boa o suficiente para que, de alguma forma, justifique o mau desenvolvimento dessas questões. Apesar de uma direção intensa e um ritmo acelerado, que se encaixam bem para a execução da premissa do filme, as cenas de ação são visualmente dissonantes, com um CGI preguiçoso que tende a tirar qualquer imersão. A sensação que fica no espectador é de que a próxima cena de ação será a cena satisfatória, mas nem no clímax o filme consegue entregar algo além de ação genérica e um borrão de efeitos especiais.


Mas por que direcionar essas perguntas a Netflix? Power teve um orçamento de produção estimado em mais de 80 milhões de dólares, e além disso o serviço de streaming adquiriu o roteiro do filme através de uma disputada competição de propostas entre vários grandes estúdios. Ou seja, o material que o streaming tinha em mãos era de grande potencial, além de um orçamento satisfatório para um bom filme de ação. Porém nada disso foi entregue, já que a boa premissa se perde em um roteiro limitado e desconexo, com personagens e motivações clichês em um filme visualmente nada criativo e com efeitos especiais desleixados. Com isso, a Netflix adiciona mais um filme de ação na sua já extensa lista de filmes do gênero que não passam de uma boa ideia.


Nota: 1/5 Lágrimas


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