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Pixar acerta mais uma vez

Crítica: Luca (2021)

Julia Alfa


“Algumas pessoas nunca vão aceitá-lo. Mas algumas vão.

E parece que ele sabe encontrar pessoas boas.”

- Luca (2021)


No dia 16 de junho, a Pixar lançou o filme Luca (2021), dirigido por Enrico Casarosa e disponível na plataforma de streaming Disney Plus. O longa-metragem se ambienta em uma vila da Riviera Italiana, onde os monstros marinhos Luca e Alberto se aventuram enquanto assumem a forma humana. Com apenas uma hora e meia, a história do garoto-peixe está conquistando o carinho de seus espectadores, sejam crianças ou adultos.


Luca é uma boa criança, como ele mesmo diz. Entretanto, ele desobedece aos pais quando permite que sua curiosidade sobre humanos o leve até a superfície. Ao descobrir a infração do filho, sua mãe decide castigá-lo e enviá-lo às profundidades do oceano – mas o garoto não gosta da ideia. Com seu novo e destemido amigo Alberto, Luca foge do mar e se refugia na cidade. Lá, os amigos sonham em conseguir uma Vespa (um modelo de motocicleta), e encontram um caminho para isso ao conhecerem a italiana Giulia, e descobrirem sobre o prêmio de um triatlo.


A animação tem teor leve e divertido, e a história flui perfeitamente sem muitas complicações. O cuidado com os detalhes é algo que deve receber atenção; apesar de ser uma história fantasiosa e infantil, os criadores tiveram extrema cautela a respeito das questões biológicas, como o peixe-cabra, ordenhado pelo protagonista. Mesmo as escamas e nadadeiras dos monstros marinhos são compatíveis com aquelas de peixes que possuem pulmões – o que é satisfatoriamente refletido, considerando a possibilidade da forma humana.


Ainda que Luca tenha seus protagonistas bem construídos e desenvolvidos, o antagonista Enrico é apresentado em uma narrativa deveras maniqueísta. Desde que aparece em tela, Enrico é unicamente ruim, malvado e cruel com todas as crianças ao seu redor – e faz isso sem nenhum motivo aparente. Pode parecer compreensível para um filme curto e infantil, mas continua incômodo no quesito de construção de personagem.


O filme Luca encanta o público com sua mensagem de inclusão e acolhimento. Lançado no mês do Orgulho LGBT, há estipulações de que a história possa se incluir na comunidade. Entretanto, mesmo caso a intenção original do diretor diferir disso, a interpretação individual ainda é possível, e ainda estará correta. Luca batalha até ter coragem de apresentar-se verdadeiramente, e não é um momento fácil. Mas ele descobre que não é o único; e ele descobre que não está sozinho.


Em menos de duas horas, acompanhamos Luca em uma aventura que celebra a inclusão, a amizade, a perseverança e a coragem de ser diferente.


Pixar acerta mais uma vez.


Nota: 4.5/5 Lágrimas

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