Crítica: Lovers Rock (2020)
Caio Scovino
É incrível como instantaneamente a direção de Stevie Mcqueen nos transporta para o clima do filme. A atmosfera dos anos 80 emulada de forma energética e magnética, quando se vê está dançando Kung-fu fighting com os personagens.
O panorama da comunidade negra de Londres evoca no expectador brasileiro uma familiaridade com a mais conhecida contraparte norte americana, mas logo o diretor vem nos informar das diferenças, de um multiculturalismo e um panorama social pouco difundido mundialmente.
Em sua narrativa romântica, o filme se constrói de forma próxima e pessoal. Pula-se a exposição e a construção dos personagens se desenrola a partir de suas reações e interações uns com os outros, assim como suas índoles e intenções.
É de notar que a narrativa objetiva em si perde espaço por tal imersão esteta. O filme gasta mais tempo, do seu curto tempo de duração de 70 min, para simplesmente continuar emulando a situação da festa, o que pode desagradar quem procura narrativas mais objetivas e cadenciadas.
Vale ressaltar que como um observador mais atento de reconstituições históricas de figurino, a atenção para detalhes de características das roupas do início dos anos 80 pré-disco, que ainda carrega características das inspirações vitorianas que identificam a década de 70 para o exagero que marca os anos 80 em nossa mente. Um êxito absoluto, desde as estampas das camisas até os detalhes dos vestidos.
A fotografia traz uma beleza absoluta, nos tons alaranjados das lâmpadas de tungstênio as cores do tecido, a iluminação naturalista e urbana, e como ela consegue transpor o expectador para dentro do ambiente obtém sucesso em tudo que tenta.
Em geral, o filme se propõe em ser uma imersão dentro de tal nicho. O que peca em objetividades narrativas fica claro que era a intenção, ao focar tanto na construção atmosférica e da direção em si.
Nota: 4,5/5 Lágrimas
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