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Instinto Selvagem continua memorável

Crítica: Instinto Selvagem

Caio Scovino


Goste ou não Paul Verhoeven é responsável por uma filmografia inolvidável. Desde clássicos de ação como “Robocop – O Policial do Futuro (1987)” e “O Vingador do futuro (1990)” a bagunças cinematográficas como “Tropas Estelares (1997)” e “Showgirls (1995)”, recentemente ascendendo a um refinado patamar de sua carreira com o filme “Elle (2016)”.

Dentro de tantos, uma de suas produções mais lembradas e celebradas é “Instinto Selvagem (1992)”, o qual venho por meio desse advogar a favor de sua qualidade. Muito mais do que uma cruzada de pernas memorável, o filme é o ápice dos thrillers psicodramáticos que marcaram os anos 90.


A produção é extremamente consciente da força de seu elenco, esse que conta com os maiores nomes da época, estrelado por Michael Douglas, já estabelecido dentro do gênero por filmes como “Atração Fatal (1987)” e por uma crescente Sharon Stone que tem por esse o seu filme mais impregnado no imaginário popular. Ambos se contrapõem e complementam como arquétipos e personagens completamente funcionais em uma trama onde a jornada conta mais que o destino.


Muito comum em filmes do mesmo gênero que o final da trama revele algo inimaginável, o que não é o caso de Instinto Selvagem. O roteiro dispõe de um fluxo linear e já até batido em sentido de narrativa, mas a virtude da direção consciente e assumidamente estilizada de Verhoeven permite que toda a jornada do expectador seja agraciada por um suspense barato, mas que funciona perfeitamente. Por esses motivos, pessoalmente, considero tal filme o ápice da fórmula que gerou e ainda gera diversos títulos de suspense. O crime a ser investigado, as tensões sexuais, as omissões, mas inverdades e descuidos que levam a um desenrolar magnífico.


Em cada aspecto técnico o filme é assertivo, com uma trilha extremamente emblemática e reverente aos grandes filmes noir e as grandiosas composições orquestradas, evoca o tom de toda a obra, uma exagerada jornada de busca pela verdade, onde uma misteriosa mulher é o centro de investigações policiais e pessoais. Assim como a trilha, a montagem do filme e a edição das cenas é assertiva em criar tensão em cada momento possível, guiando o expectador e o firmando ao entrelaçar-se dentro os conflitos propostos.


Chamo atenção a cena do interrogatório, que só é emblemática como é pela perfeição formal da fotografia e da edição da mesma, assim como as cenas de perseguição e crimes cometido. Todo o visual acerca da construção narrativa é perfeita e recria e influencia o imaginário noventista, replicado até hoje.


Analisando hoje, o filme apresenta um ritmo extremamente antiquado, o que pode atrapalhar alguns expectadores. Algumas “barrigas” aumentam a duração do filme que se produto de outra época teria duração menor. O que era comum nos anos 90, tanto em duração de filmes como álbuns musicais, o que em nada atrapalha a experiência.


No geral, um de meus filmes favoritos, que agora está disponível no streaming, pronto para uma nova geração ver os erros e acertos de outra era da produção cinematográfica.


Nota: 5/5 Lágrimas


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