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Haunt - não inova, mas assusta e diverte - e isso basta

Atualizado: 28 de ago. de 2020

Crítica: Haunt (2019)

Gustavo Fernandes


Originalidade é, sem dúvidas, um importante atributo cinematográfico. O ineditismo de linguagem atrai e, geralmente, é reverenciado por tirar o espectador do lugar comum. Embora menos atrativo, um aspecto tão importante quanto a originalidade é a funcionalidade. Conseguir instigar o público e fluir enquanto obra audiovisual sem propor nenhuma forma de transgressão de linguagem é, no entanto, um trabalho árduo que exige tanto empenho quanto a inventividade. Haunt surge com o objetivo de entreter o público, e, em relação a esse aspecto, não poderia ser mais exitoso.


O longa-metragem, lançado em 2019, acompanha a jovem Harper (Katie Stevens) presa numa misteriosa e pra lá de macabra “casa do terror” com seus amigos durante o Halloween - época mais frutífera para as atrações do tipo nos Estados Unidos. Não vou estar dando nenhum spoiler ao dizer que Harper e seus amigos passam a ser caçados e abatidos um a um dentro da atração, certo? Pois é. O filme é exatamente isso - e isso não é demérito algum.


O principal pano de fundo da história é a constante insegurança de Harper, vítima de um relacionamento abusivo, que a remete à própria infância, marcada pela violência doméstica sofrida por sua mãe. Também não estarei dando nenhum spoiler ao dizer que todo o drama pessoal da personagem (nossa querida final girl) tem conexão com o clímax e será fator motivador para ela em algum momento de dificuldade. No entanto, ouso dizer que, nesse caso, trata-se de uma subtrama pra lá de dispensável e, infelizmente, vítima de um tratamento que, além de não passar do superficial, não promove nenhum apego à personagem - apesar da competente performance de Katie Stevens.


Como dito no primeiro parágrafo, Haunt não possui praticamente nenhum objetivo além do puro entretenimento. O longa, escrito e dirigido por Scott Beck e Bryan Woods, dupla responsável pelo roteiro do elogiado Um Lugar Silencioso (2018), não busca nenhuma reinvenção dentro do gênero de terror. Como supracitado, o que promove destaque ao filme é seu êxito em promover entretenimento genuíno ao espectador.


O cenário em que quase todo o filme se desenrola é a “Haunted House”. É interessante como cada cômodo da “atração” é único e criativo. Mais apavorante que a decoração cenográfica é a caracterização de cada um dos antagonistas. Para não comprometer eventuais surpresas, vou me conter e não dar muitos detalhes quanto à natureza dos vilões, pois acho que a curiosidade sobre a possibilidade sobrenatural sugerida pela bem construída atmosfera torna ainda mais interessante a experiência proporcionada pela retirada das máscaras.


Finalizo esse texto recomendando Haunt a todo fã de filmes de terror que sente saudades de um slasher ou mesmo de um “survival horror” de qualidade. Tem sido cada vez mais raro encontrar títulos satisfatórios e “despretensiosos” dentro do gênero, haja vista a forte tendência vanguardista que o tomou na última década. O novo longa de Scott Beck e Bryan Woods não busca nenhuma reinvenção de roda, optando pelo uso da linguagem clássica e de um enredo simples e relativamente “batido” - e, ainda assim, genuinamente exitoso.


Nota: 3,5/5 Lágrimas


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