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Um reality diferente, mas só isso é suficiente?

Atualizado: 12 de ago. de 2021

Crítica: Brincando com Fogo (2021)

Rafael Tunussi


Brincando com o fogo é um reality original Netflix baseado na versão americana Too Hot To Handle e o produto entra para a gama de realities moldados por relacionamentos. Como sempre, eu que adoro uma fofoca pra edificar minha vida, já vi todas as versões do reality e vim falar pra vocês se presta ou não.


A primeira coisa a se fazer é explicar como funciona: 10 jovens, que não conseguem ficar uma semana sem transar, vão para uma casa em que qualquer contato sexual é proibido. Porém, como incentivo eles tem um prêmio de 500 mil reais, que é reduzido a cada infração cometida. O programa tem o intuito de ensinar seus participantes a se conectar mais profundamente antes de pensar em putaria.


A primeira coisa que você deve estar pensando é: “nossa que programa puritano”. Sim. “Deve ser horrível”. Não. A primeira coisa que eu pensei é que provavelmente ele seria cheio de falso moralismo e ruim, mas a ideia é interessante e funciona. A intenção de Brincando com o fogo é repetir uma fórmula de sucesso: pessoas gostosas querendo se pegar, mas de uma forma um pouco mais sentimental. Geralmente os participantes passam por processos de autoconhecimento verdadeiros e são obrigados a se comunicar uns com os outros o que ajuda a resolver problemas externos e internos.


Brincando com o fogo tem uma tentativa constante de ensinar algo da forma menos esperada possível (em um reality de putaria), tanto aos seus participantes quanto aos espectadores, isso é inédito e extremamente interessante. É um reality que brinca com o conceito de superficialidade, o senso comum já estabelece os realities como superficiais, principalmente os desse estilo. Portanto, o original Netflix tenta se desprender disso em conjunto com seu espectador.


Eu sou um consumidor exaustivo de realities e, recentemente, acompanhei dois que me fizeram ter uma reflexão sobre o quanto é necessário se conectar antes de começar uma relação com alguém. A partir do momento em que uma conexão forte é estabelecida entre duas pessoas, a chance de o relacionamento prosperar posteriormente é muito maior e eu nunca tinha pensado nisso antes desses dois realities. Portanto só de me gerar uma reflexão diferente, avalio que o programa cumpriu seu objetivo. Além disso, o programa escancara momentos em que as pessoas tem problemas de comunicação e fogem dessas circunstâncias pra evitar um conflito e se esforça para tentar resolver as desavenças dos participantes. O programa prova duas coisas: como é importante se comunicar e como uma conexão forte pode criar um relacionamento duradouro. Assistir isso tudo acontecer e fazer uma reflexão disso aplicado na minha vida contou como umas 15 sessões de terapia.


Sobre o que realmente interessa: o entretenimento. As tretas são boas? Sim. Além das desavenças e entretenimento natural de todo reality, o programa causa reviravoltas e chacoalha as coisas quando necessário, o que torna bem divertido de acompanhar. Os participantes fazem muita merda e nós gostamos, mas em todas as vezes em que os participantes começavam a se acomodar, alguma coisa é inventada pela “Lana” para apimentar o reality, o que constrói um ritmo interessante.


Falando especificamente da temporada brasileira, a narração com comentários em realities é uma coisa que me agrada, mas Bruna Louise começa meio perdida. Acho que não foi bem instruída inicialmente, pois nos primeiros episódios a narração não ficou tão satisfatória, mesmo ela sendo uma excelente comediante. Com o passar dos episódios ela pareceu se encontrar e entender mais o ritmo das coisas, pois melhora muito e ela realmente se torna um dos pontos a se destacar do programa.


Outro ponto interessante é que eu sinto muita verdade em todos os aspectos dos participantes, todos eles parecem reais. Ao assistir as versões americanas tudo parecia muito roteirizado e estranho, talvez seja por conhecer a cultura do nosso país, mas é muito melhor assistir um conteúdo em que os brasileiros protagonizam. Acho que a forma de produzir o reality é diferente também, pois são inseridas na edição momentos em que os participantes interagem de forma verdadeira.


Por fim, uma coisa que me agradou muito foi a criatividade para deixar o programa abrasileirado, tiveram vários momentos em que a Lana fazia piadas que só brasileiros entenderiam. Isso me agrada, porque o reality não teve a intenção de ser uma mera cópia, mas sim de ser a nossa versão. Várias atividades durante a temporada não apareceram em nenhuma versão das estrangeiras.


Portanto, se você é fã de reality show, é uma experiência diferente que eu recomendo não só pelo entretenimento, mas pela reflexão que o reality pode gerar. Eu gosto da inteligência de Brincando com o fogo por fazer algo novo, por brincar com o conceito de futilidade, mas não é um reality que eu classifico como incrível, não entra nos meus favoritos, ainda falta algo.


Nota: 3.5/5 Lágrimas

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