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Crítica: BLACKPINK: Light Up The Sky (2020)

Marco Souza


BLACKPINK: Light Up The Sky (2020) é o novo documentário da Netflix que conta um pouquinho mais (literalmente) da experiência por trás das câmeras das garotas do BLACKPINK, um dos maiores grupos femininos do kpop e da música pop no geral. O grupo é formado pelas coreanas Jennie e Jisoo, a tailandesa Lisa e a neozelandesa-sul-coreana-australiana Rosé, que formam também os quatro eixos desse documentário, junto do produtor/orientador/"Mestre dos Magos" delas, Teddy Park.


Esse documentário em específico me faz questionar muito o público-alvo que os realizadores tinham em mente. Obviamente tal alvo teria que ser os milhares, senão milhões de fãs e stans obsessivos do girlgroup (olá, prazer), que estão esperando há mais de um ano por um comeback do quarteto, porém as breves montagens explicando o quanto as BLACKPINK são famosas e o que é o kpop deixam o documentário com ar de direcionamento à novos fãs, até porque fazem um trabalho muito raso para um leigo ao tema de fato entender a proporção e complexidade do kpop, mas também fraco o bastante para um fã de longa data do gênero e/ou das meninas saber exatamente o que foi omitido. Ah, e também botaram uma arma na cabeça do Teddy e pediram pra ele ler umas frases bonitas sobre cada menina e o quanto cada uma se esforça nessa empresa maravilhosa que se chama YG Entertainment, que de fato não botou um telepromoter atrás das câmeras.


Então vamos tirar isso do caminho de uma vez por todas: esse documentário é pros fãs. Se você quer algo que realmente te conte mais sobre a indústria do kpop, sendo novato ou não à questão, assista 9 Muses of Star Empire (2012), documentário da BBC que mostra o pré-debut do grupo 9MUSES, que por sinal também vem de uma empresa muito menor que o BLACKPINK, e mostra como as idols normais são realmente tratadas. E sim, enquanto o sucesso do BLACKPINK é estrondoso e completamente merecido, também vale lembrar que elas são de uma das três maiores companhias de agenciamento de artistas da Coréia do Sul, a YG Entertainment. Mas no fim do dia, essa não é a questão central, já que esse filme é uma farofa pra fanbase assistir e se deliciar, agora com ângulos melhores que os V-LIVES rotineiros (e é também, em partes, uma propaganda pro novo álbum do grupo que acabou de sair, mas isso eu vou falar mais sobre no final).


Light Up The Sky nos oferece diversos clipes que definitivamente vieram do gigantesco acervo que a YG mantém em seu infame porão (que é inclusive citado pela Lisa!), nos proporcionando ver diversas performances dos dias de trainee das meninas, até mesmo como grupo projeto. O documentário também nos provém uma backstory maior de cada uma, advindas através das próprias meninas, em segmentos de entrevista que certamente foram algumas das únicas cenas que a própria equipe da Netflix teve que gravar. É muito adorável ver as histórias das meninas, principalmente aliadas às fotos da infância de cada uma, nos dando uma maior perspectiva de onde elas vieram e do que elas tiveram que passar para finalmente debutar, se tornando hoje um dos maiores atos do kpop, e o primeiro grupo feminino sul-coreano a se apresentar no imenso festival Coachella. Destaque também para história de Lisa com seu país natal, a Tailândia, especialmente porque a deixaram falar na sua primeira língua, coisa que infelizmente raramente vemos. Ah, e a Rosé provavelmente teria a música What You Waiting For, da cantora Somi, como seu debut solo. Mas pelo visto o Teddy meteu dedo e deixou pra Somi mesmo. Paciência.


Mas acabando a superficialidade do fã do grupo que vos fala, tenho que adentrar território crítico, e falar do produto como um documentário em si. Basicamente, dá pra ver o como a YG é nada mais que uma empresa que quer ganhar dinheiro, e não deixaria o documentário chegar em nenhum lugar novo ou controverso. Não há nenhuma menção aos escândalos de favoritismo e falta de esforço em apresentações da Jennie, dos ataques xenofóbicos à Lisa por parte dos coreanos (que inclusive continuam até hoje!) e sequer da falta de promoções e os diversos hiatos do grupo. O documentário chega à um nível que nem mesmo o nome da fanbase do grupo (os Blinks) é citado, assim como o nome do grupo projeto PINKPUNK, que teria mais outras quatro integrantes, algumas que inclusive são parte de outros grupos famosos na Coréia do Sul. Mas claro, não são artistas da YG então eles não querem no documentário deles.


Eu assisti o documentário animado para um maior conhecimento do que se passa no backstage do BLACKPINK, especialmente agora que elas acabaram de lançar um álbum (que se chama THE ALBUM. É, eu sei.), mas fui recebido por nada menos nada mais que um monte de cenas do arquivo da YG costurados junto de entrevistas da Netflix e clipes de programas de tv aqui e acolá, ou seja, uma estratégia de marketing pro álbum vender mais. É especialmente engraçado e irônico que seja uma forma de divulgar o álbum, já que o arco que eles impulsionam da Rosé ser compositora não leva à lugar nenhum e é claramente falso se você conhece a indústria do kpop, e sabe o como os artistas não tem controle criativo quase que algum no começo de suas carreiras. Apenas uma música do THE ALBUM tem uma das meninas creditadas na composição, sendo essa sequer a Rosé, mas sim a Jisoo.


Em tese, Light Up The Sky é o documentário genérico de artista pop que nós não precisávamos, tudo por conta da maldita mão pesada da YG. Eu amo as meninas, mas um documentário de artista musical falando que eles sofrem por tour, treinar performance e sentir falta de casa é o cúmulo, principalmente quando nós fãs sabemos que o buraco é mais embaixo, ainda mais na empresa do quarteto. O que nos resta esperar é que quando mais maturas (e se Deus quiser longe da YG), como as mesmas dizem no final do documentário, as meninas finalmente vão ter uma plataforma grande o bastante para contar o que foi censurado de suas histórias por agora, sem terem medo de entrarem na lista negra das grandes empresas de entretenimento coreanas por dedo da YG. E sim, isso ocorre com frequência.


#STAYSTRONGBLACKPINK e vejo vocês meninas daqui talvez 2 anos, se tivermos sorte. Talvez com mais um solo de uma delas. Veremos.


Nota: 2/5 Lágrimas


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