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Algumas coisas só são perfeitas

Crítica: Trama Fantasma (2017)

Caio Scovino


Desde seu nome, que reflete tudo que virá a seguir, Trama fantasma é um conto lúgubre sobre vontades e impedimentos com um verniz artístico e plástico que elevam a obra a um status de obra prima.


Vindo de uma carreira já muitíssimo premiada, o diretor e roteirista Paul Thomas Anderson aqui dá um passo adiante, diferente de projetos como Sangue negro e Boogie nights, onde os excessos e personagens são constantemente postos em situações extremas emocionalmente e ativamente, em trama fantasma o tom de sutileza é capaz de dar a obra um caráter ainda mais sínico e pessimista.


A história do estilista Reynolds Woodcock, interpretado por Daniel Day-Lewis rodeado pela beleza e sendo criador de tudo que é mais belo, mas que por dentro guarda uma angústia, uma falta de um conforto emocional maternal que o próprio se nega a receber.


Preso dentro de seus mecanismos lógicos, encontra Alma, interpretada por Vicky Krieps, uma simples garçonete que atrai sei olhar, como já havia acontecido antes, o que seria somente uma inspiração sazonal, passa a ter algo mais forte devido a determinação de Alma.


Com isso a narrativa de jogos emocionais e expectativas floresce, chegando a pontos inimagináveis inicialmente e sem decair para a graficidade ou qualquer tipo de deselegância narrativa. O maior êxito do filme é ter seu contido em seu subtexto, como seus personagens fazem com seus sentimentos.


Além dos principais, quem brilha do filme é a atriz Lesley Manville, que interpreta a irmã do estilista, que a todo tempo percebe a situação e tem como suas reações um espelho futuro do expectador.


Toda a técnica empregada é empregada com perfeição. A trilha constante de piano e violino que contrasta sempre com o tom da cena apresentada, servindo de uma moldura que adorna a fotografia primorosa, que curiosamente é feita pelo próprio diretor, sem mesmo assinar. Mas o que brilha aqui, propositalmente, é a perfeição do figurino de Mark Bridges, que ao ser minimamente exagerado nas criações do estilista, consegue empregar um toque da alta costura em cada peça usada por cada personagem.


Um de meus filmes favoritos (como se já não fosse possível perceber), e que está agora disponível na Netflix. Uma obra sublime, densa e sutil.


Nota: 5/5 Lágrimas


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