Crítica: M8 - Quando a Morte Socorre a Vida (2019)
Caio Scovino
É difícil criticar filmes quando você percebe suas boas intenções. Mas em M8, a pauta não salva o filme de uma obviedade constante na narrativa e na condução cinematográfica.
A história se desenvolve em torno de um mistério sobre o desaparecimento de pessoas negras e o aparecimento desses corpos no necrotério do hospital. Maurício, nosso protagonista, percebe tal fato e passa a ser perseguido pelos fantasmas dos falecidos. Acompanhando sua jornada, temos os outros alunos de seu curso, onde desenvolvem-se sub tramas que abordam o racismo na instituição da faculdade, nas esferas sociais do rio de janeiro, e em geral nas relações de estranhamento social de uma elite branca. Outra personagem é a mãe de Maurício, que traz o âmbito religioso para a trama, chamando a atenção de Maurício para o lado espiritual, fazendo ele reparar no “mundo dos mortos”.
Uma ótima premissa, mas que na condução do longa é interrompida inúmeras vezes para cenas com a única função de explicitar o racismo, tornando um didatismo maçante. Aliando isso a diálogos artificiais e uma direção de atores irregular, faz com que tais fraquezas se intensifiquem. O filme chega, de certo modo, a se estereotipar a fim de forçar uma catarse, e abandona o caráter do mistério, e usa a não solução como uma desculpa para sua conclusão.
Tecnicamente o longa é funcional, a fotografia é agradável, junto com a câmera que apresenta certa vivacidade. O que pesa é a direção e o roteiro, ambos deslocados da proposta. O filme poderia decidir ser um mistério e ter um terceiro ato clássico e um encerramento com a moral intuitiva, ou desde o começo se estabelecer como uma obra com pauta e de experimentação assumindo uma subjetividade.
No geral, uma obra muito bem intencionada e promissora, mas onde a execução erra em diversas ocasiões, fazendo a experiência perder a força e o impacto.
Nota: 2/5 Lágrimas

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