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Como uma franquia de sucesso se tornou um filme B de alto orçamento

Crítica: Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (2021)

Anna Clara


Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio é o terceiro filme de terror da franquia de James Wan do universo criado em torno do casal de paranormais Ed e Lorraine Warren. O famoso “invocaverso”, que contém além dos filmes Invocação do Mal, os spin-offs, como Annabelle e A Freira, coleciona uma legião de fãs ao redor do mundo que são apreciadores de um bom terror de Shopping Center. Todavia, o último filme lançado decepciona muito em diversas questões e é de longe o mais fraco da trilogia.


O motivo da decaída da franquia é bem simples: o diretor que criou esse universo, James Wan, estando atarefado demais com seus novos projetos delegou a função de diretor a Michael Chaves, que dirigiu um dos spin-offs do “invocaverso”, o fraquíssimo “A Maldição da Chorona”. Nesse novo filme inclusive, o diretor comete o mesmo erro que no seu filme anterior na intenção de fazer um trabalho que se assemelhe ao de seu “mestre”. Chaves só consegue fazer uma cópia barata e sem alma do trabalho de Wan, com novos artifícios muito mal colocados que empobreceram muito o desenvolvimento da trama.

Esse “abandono” pela parte de James Wan por universos cinematográficos que ele mesmo havia criado não ocorre pela primeira vez. Vimos franquias como Jogos Mortais e Sobrenatural irem gradativamente afundando no marasmo e clichê a partir do momento que saíram das mãos do diretor. No caso de Invocação do Mal então, vemos a queda de mais uma franquia, que assim como as outras, começou muito promissora e empolgante, e acabou se perdendo na própria história, por estar nas mãos de quem não sabia o que fazer com ela.


Agora sem ser muito abrangente, falando nos maiores problemas que tive com o filme (obviamente tendo como referência os filmes anteriores). A trama em si é articulada de uma forma que não te faz sentir apego pelos novos personagens apresentados, sendo todos eles ausentados de qualquer carisma. Além disso, a maneira que a narrativa foi construída tenta inovar para criar uma identidade própria, utilizando recursos de flashbacks convenientes até demais, mas só consegue ser vazia e superficial.


Outro aspecto que me revoltou é que o filme muda completamente as habilidades da Lorraine Warren que até então tinham sido estabelecidas na franquia: o que antes era uma sensibilidade ao sobrenatural, agora tornou uma espécie de “superpoder” digno de X-Men. Sem falar do Ed que pouco acrescenta na história e mais atrapalha do que ajuda. As criaturas apresentadas aqui neste filme são sem graça e não dão o mínimo de medo! Esqueça as criaturas assustadoras de olhos amarelos que eram marca da franquia. Os monstros são patéticos, a aparência deles é pouquíssima explorada para demonstração de terror físico e psicológico. Sabendo que a aparência das criaturas influencia também os jumpscares, faz com que sejam fraquíssimos e previsíveis, não existindo nada de realmente assustador nesse filme, além da péssima atuação de Ruairi O’Connor.


O “vilão principal” é outro grande erro de uma maneira que, assim como Lorraine se torna uma super-heroína, esse se torna um super vilão, com poderes absurdos, porém carregados de conveniências narrativas, falta de personalidade ou arco dramático significante, e principalmente, falta de qualquer elemento assustador.


Todavia, para não dizer que achei uma completa perda de tempo, a trama investigativa me entreteve minimamente para que eu conseguisse continuar o filme intrigada para saber os rumos que o processo iria tomar, claro, deixando de lado completamente que esse deveria ser um filme de terror.


A Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio falha em ser um filme de terror pois não apresenta vítimas que você possa se importar, tem uma cinematografia que muitas vezes parece um filme de baixo orçamento dos anos 2000 e, carrega um título em português que entrega spoilers da trama. A única coisa que eu gostaria de dizer a James Wan é algo que minha família sempre dizia, “Quem pariu Mateus que balance o berço”: pare de matar franquias boas as entregando na mão de diretores ruins, por favor!


Nota:2/5 Lágrimas

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