Crítica: A Mulher na Janela (2021)
Caio Scovino
A Mulher na Janela (2021) já se estabelece como uma experiência muito estranha desde o começo. O uso da mistura de luzes amarelas e brancas causa um estranhamento disforme e incômodo que perpetua todo o longa. Mas ao invés de cumprir a função de instigar, o filme só se prova indeciso e forçado.
O longa é dirigido por Joe Wright, responsável pelos excelentes Desejo e reparação (2007) e Orgulho e preconceito (2005) e ao mesmo tempo o odiado Pan (2015) e o aclamado porém medíocre O destino de uma nação (2017).
As filmagens de a mulher na janela se deram ainda em 2018, e por má recepção da audiência teste, foi submetido a refilmagens em 2019 e adiado mais um ano para para 2021 devido a pandemia de Covid-19.
Toda incerteza e interferência me deixa curioso para saber quanto do filme foi perdido nas intenções originais e no dedo do estúdio. É certo que o tom incongruente do filme vem de tais mudanças.
Contudo, o roteiro adaptado do romance best seller apresenta defeitos ao ser transcrito para o audiovisual. Tendo como maior culpado o abismo entre o absurdo proposto pela trama, digna dos trillers noventistas de qualidade duvidável como Mulher Solteira Procura (1992), e a direção que tenta se levar a sério e se vender como um drama psicológico como Millenium: Os Homens que não Amavam as Mulheres (2011). Isso tudo até certo ponto, pois após o segundo ato o filme parece perceber que o público não consegui levar tudo isso a sério e tem um clímax que beira a paródia de si mesmo.
De um ponto de vista técnico, o filme contém o trabalho mais irregular do talentosíssimo diretor de fotografia Bruno Delbonnel, e uma trilha estupidamente genérica e esquecível de Danny Elfman (que surpreendentemente não me irrita tanto quanto alguns de seus últimos trabalhos).
É de partir o coração ver o esforço de Amy Adams (que merecia um oscar 😉). Apesar de parecer que o filme tenta o tempo todo sabotar sua personagem, entrega uma performance que com uma direção adequada traria um grande potencial. O mesmo não pode se dizer do extenso e talentoso elenco de apoio, devido a falta de tempo de tela e uma abundância de personagens unidimensionais não conseguimos nem se lembrar das características dos mesmos.
Dito bastante, o filme não é de todo uma perda de tempo. Devido os bamboleios e inconsistências, é muito possível se divertir vendo a bagunça narrativa que se torna. Sou suspeito a falar, mas nas mãos de algum diretor que conscientemente sabe trabalhar aspectos da “breguice” dos thrillers e explorar seus aspectos mais divertidos, como James Foyle, teríamos um filme muito mais consistente.
Nota: 2/5 Lágrimas
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